sábado, 31 de outubro de 2009

volta o terror

Ele sempre fora uma pessoa correta. Ele tinha uma carreira estável, tinha também informações importantes. Informações que ajudariam a salvar outra pessoa. Um procurado. Um inocente.

Mas logo ele sofreu um terrível acidente que lhe trouxe de presente a quadriplegia e um trauma incurável em suas cordas vocais, o que lhe provocou também a mudez. Mas esse quadro de tetraplegia não lhe trouxe nenhum distúrbio de sanidade. Sua mente saudável estava presa a um corpo inerte e sem voz. Pagou o preço por ter ingerido álcool demais antes de dirigir. Rumava para delegacia, para contar o que lhe atormentava, para salvar um inocente.

O Procurado, absolutamente transtornado, num alto de puro desespero e impulso, sequestrou o Acidentado, faria ele ver o preço de sua demora em contar o que sabia.

O Procurado, o inocente, tornou-se uma alma possuída pelo desejo de uma vingança injusta. Mas precisava ele aplacar sua dor de alguma forma, resolve passá-la adiante.

Numa casa de campo passaram a viver sobre o mesmo teto, o Procurado, o Acidentado e a citada somente agora, deliciosa esposa de nosso ex-inocente.
Instalava-se naquela casa uma aura de maldade, de loucura, de vingança e outras energias negativas mais.

Diariamente o Procurado, sem ter como sair de seu esconderijo, torturava sua vítima.

Desde seu corpo imóvel e incapaz de comunicar-se, a vida do Acidentado havia de se tornar um verdadeiro inferno. Entretanto ao invés de desejar a própria morte como saída, ou mesmo ser resgatado, ser curado, o Acidentado desejava ardentemente, cada dia mais, se vingar de todo sofrimento e humilhação que estava passando. Lhe confortava ainda saber que o acidente de seu infortúnio, o impediu de livrar aquele que era inocente, mas que num momento de desespero permitiu-se tornar-se um culpado.

O sequestrador gastava todas as horas possíveis do seu dia, com ações sádicas como forma de exorcizar seu sofrimento, ficava a cargo da esposa manter o Acidentado vivo após as sessões de tortura, de alimentá-lo e colocar-lhe na cama, dando ainda uma vez por mês um banho de banheira no coitado. Nesses banhos era comum a prática da esposa mergulhar a cabeça do Acidentado na banheira e do torturador fazer-lhe cócegas, o sofrimento era vísivel.
Era tarefa também da esposa, manter secreto o paradeiro do marido, ir a cidade buscar mantimentos. Ela de alguma maneira estranha, por loucura ou por paixão, continuava firmemente ao lado do Procurado, apoiando-lhe incondicionalmente mesmo no desvario. De certa forma excitava-se com a situação. Com frequência o grau de excitação do casal chegava ao ponto de fazer-lhes transar fogosamente por todos os comodos da casa, como dois animais, tudo isso diante da retina do Acidentado, que nesses momentos bolava em sua mente a imagem do teto desabando sobre ambos.

A imaginação do Acidentado o fazia criar centenas de mortes para seu carrasco. Ele via ás vezes um infarto fulminante, um tombo e um rombo na testa feito pela quina da mesa de madeira de lei, mesmo uma intoxicação alimentar por comida podre ou mofada.

Foi então em um dia que incluiu sessões de palitos Gina enfiados por baixo das unhas do torturado, ferro de passar tinindo de calor em seus mamilos, fora o degradante almoço composto por suas próprias fezes, que o Procurado liberou o coitado para que sua esposa o levasse para dormir no moquifo, já sarnento. Entretanto essa noite, o Acidentado sentiu que havia algo diferente no ar, algo de diferente com aquela mulher, tão linda, tão perversa e tão fascinante. Era hormonal, parecia. Era o cio. Quando ela estendeu-lhe na cama, ele pode ver em seus olhos que ela faria algo, deu-lhe medo de que ela lhe torturasse. Mas o olhar era de piedade...talvez carência? Não aquilo era sexo, ele sabia. Ela pegou-lhe a mão já há muito sem movimento, e masturbou-se com ela até ficar com a boceta encharcada. Impaciente saltou sobre sua cabeça que jazia num travesseiro fétido, e mostrou-lhe um função para seu proeminente nariz. Ah aquele cheiro inconfundíel de uma vagina carente, de uma vagina jovem, por estranho que parecesse foi aquele cheiro que confortou-lhe da saudade dos filhos que já não via há alguns meses e que deviam estar desesperados, também de sua recatada esposa que jamais lhe proporcionara um momento doce como aquele, e pronto ela goza, ali mesmo treme ainda uma, duas...uma terceira vez e sai, o vento entra e bate em seu nariz úmido causando frio. Ela bate a porta e sai sem olhar pra trás. Aquela noite ainda, ele escuta o sexo mecânico e selvagem do casal no aposento ao lado. Pela primeira vez sorri dentro daquele antro.

Nos dias seguinte, toda noita a esposa do Procurado fazia um aquecimento em seu nariz antes de ir para a cama com o marido, com o tempo isso acabou gerando a temível desconfiança. Foi então que num dos raros banhos de banheira, no momento de afundar a cabeça do Acidentado na banheira, que um odor adentrou pelas suas narinas até as suas entranhas, o cheiro do sexo de sua esposa estava impregnado na face de sua vítima. O primeiro ato de reação do Torturador foi costurar o prepúcio do Acidentado com uma pedra de gelo junto a glande, fazendo-lhe urrar de dor, sem que se ouvisse. Furou-lhe ainda comum prego a bola direita de seu saco escrotal.

A esposa negava tudo, mas o furor violento do Torturador, levou-lhe a destruir seu sorriso de anjo com um soco inglês, com um pé de cabra abriu o ânus dela e a sodomizou uma última vez, gozando em seu cabelos. Enterrou-a ainda respirando no fundo do pátio, sob o olhar inócuo do Acidentado, que antes de ver a mulher dentro da cova, ainda pensou se poderia ser o dele aquele buraco. Chegou a se imaginar em pé deburrando o Torturador lá dentro e cobrindo-o de terra.

Já dentro de casa, o Torturador começava a recuperar-se de seu rompante violento quando botou na boca ainda um pedaço de peixe do resto do almoço, a espinha trancou sua garganta, enquanto tentava se desengasgar mais agitado ficava e não vendo mais o q fazer, implorou com os olhos ao Acidentado que ainda lhe ajudasse, que chamasse uma ambulância, que fizesse qualquer coisa. Ironicamente ele só assistia a situação e agradecia a deus por não poder fazer nada, mesmo que quisesse ajudar, isso o livraria da culpa.

Dias depois a polícia encontrou a cena estranha de um homem que morrerá em desespero, diante de um corpo morto numa cadeira de rodas com o rosto sereno.



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