terça-feira, 31 de março de 2009

INTER SEMPRE

Logo, logo vocês vão poder conferir aqui nesse blog, as surpresas que o Inter está preparando para sua imensa torcida, na comemoração desse primeiro século de história!

Chorando de rir

Há dias estou tentando escrever algo de minha autoria pra vocês..mas tenho visto coisas muto boas, essa eu chorei de rir, leiam que vale a pena. E vale a dica de como se comportar em situações extremas.

Fonte: http://teletube.wordpress.com/2009/03/30/fui_demitido/


Fui Demitido, Justa Causa

É, amigos. Parece que teremos mais um blogueiro (odeio esse termo) nessa vidaloka de internet 24h por dia, 7 dias por semana. Esse blogueiro, acreditem, sou eu. Pois é. Tristeza para uns (eu), tristeza para outros (vocês). E agora estou postando de uma lan house, aqui na rua da Amargura (passei o ano inteiro esperando só pra fazer essa piada hahahaha riam).

Como estagiário, aprendi milhões de coisas e fui muito bem sucedido nas minhas funções. Juro que não entendo o porquê de me demitirem… Eu tinha várias funções que fazia com excelência, entre elas:

1. Tirar xerox. 3.1 segundos por página. Contando o tempo pro multifuncional ligar, claro.

2. Passar café. Sério… chamem a Ana Maria Braga, o Hugo, a Palmirinha… meu café faz as pessoas ficarem apaixonadas. Não sei porque eu disse isso, mas ok.. valeu pra reforçar.

3. Comprar cigarro e pão. 1 minuto e 27 segundos. Ida e volta.

4. Fazer jogos na Mega-Sena, Dupla-Sena, Lotofácil, Loteria Esportiva… Como manjo de futebol, ainda tinha que falar quem seria o vencedor das partidas. Se eu errasse, me faziam pagar pela aposta. Se eu acertasse… bem, nunca acertei, porque sempre mandei o pessoal apostar em vitória do Corinthians… hahahaha pena que ele nunca ganha hahahaha.

Eu era muito bom. Mesmo. Fazia tudo bonitinho, certinho, até que peguei uma certa confiança com o pessoal e resolvi fazer uma brincadeirinha inocente. É impressionante o nível de stress e conturbação em um ambiente de trabalho. Quis dar uma amenizada na galera, deixar o povo feliz e fui recompensado com uma bela de uma demissão por justa causa. Puta sacanagem!

Vou contar toda minha rotina desse dia catastrófico. Era quinta-feira, 26 de março, quando cheguei ao trabalho. Era longe e, por isso, eu chegava cedo. Não porque era longe, mas porque meu amigo me dava carona até um lugar “pertinho” dali. Pertinho tá entre aspas porque não era tããããão perto assim. Eu tinha que andar mais 6 km a pé pra chegar na agência. Chegava todo dia umas 7h30 da manhã, quando, na verdade, era pra chegar umas 11h, devido a essa nova lei de estagiário. Eu era feliz. Não ligava mesmo. Nem pelo salário mínimo que mal me pagavam.

Nesse dia, passei na padaria no meio do caminho. Demonstrando muita proatividade, comprei pão e 3 Marlboro. Já queria ter na mão sem nem mesmo me pedirem. Quando abri a agência (sim, me deixam com a chave porque o pessoal só começa a chegar lá pelas 11h), já vi uma montanha de folhas para eu xerocar na minha mesa. Xeroquei tudo, fiz café e deixei tudo nos trinques (minha mãe que usa essa gíria rs). Como tinha saído um pouco mais cedo no outro dia, deixaram um recado na minha mesa: “pegar o resultado da mega-sena na lotérica”. Como tinha adiantado tudo, fui buscar o resultado lá. No meio do caminho, tive a ideia mais genial da minha vida e, consequentemente, a mais estúpida.

Peguei o resultado do jogo: 01/12/14/16/37/45. E o que fiz? Malandro que sou, peguei uns trocados e fiz uma aposta igual a essa no caixa. Joguei nos mesmos números, porque, na minha cabeça, claro, minha brilhante ideia renderia boas risadas. Levei os 2 papeizinhos (o resultado do sorteio e minha aposta) para a agência novamente. Ainda ninguém tinha dado as caras. Como sabia onde o pessoal guardava os papeis das apostas, coloquei o jogo que fiz no meio do bolinho e deixei o papel do resultado à parte.

O pessoal foi chegando e quase ninguém deu bola pros jogos. Da minha mesa, eu ficava observando tudo, até que um cara, o Daniel, começou a conferir. Como eu realmente queria deixar o cara feliz, coloquei a aposta que fiz naquele dia por último do bolinho, que deveria ter umas 40 apostas. Coitado, a cada volante (sim, esse é o nome dos papelzinho com as apostas lá, rs) que ele passava, eu notava a cara de desolação dele. Bem triste. Foi quando ele chegou ao último papel. Já quase dormindo em cima do papel, vi ele riscando 1, 2, 3, 4, 5, 6 números. Ele deu um pulo e conferiu de novo. Esfregou os olhos e conferiu de novo, hahahaha. Tava ridículo, mas eu tava me divertindo. Deu um toque no cara do lado, o Rogério, pra conferir também. Ele olhou, conferiu e gritou: “PUTA QUE PARRRRRRRRIUUUUUUUUUU, TAMO RICO, PORRA”. Subiu na mesa, abaixou as calças e começou a fazer girocóptero com o pau. Enquanto isso, o Daniel pegou o telefone e ligou pra casa chorando, berrando que tinha ganho na Mega-Sena. Óbvio que isso gerou um burburinho em toda a agência e todo mundo veio ver o que estava acontecendo. Uns 20 caras faziam esse esquema de apostar conjuntamente. 8 deles, logo que souberam, não hesitaram: correram para o chefe e mandaram ele tomar bem no olho do cu e enfiar todas as planilhas do Excel na buceta da arrombada da mulher dele. No meu canto, eu ria que nem um filho da puta. Caí da cadeira de tanto rir. Todos parabenizando os ganhadores (leia-se: falsidade reinando, quero um pouco do seu dinheiro), com uns correndo pelados pela agência e outros sendo levados pela ambulância para o hospital devido às fortes dores no coração que sentiram com a notícia.

Como eu não conseguia parar de rir, uma vaquinha (leia-se: mulher) veio perguntar do que eu ria tanto. Eu disse: “puta merda, hahahahahahahaha esse jogo que hahahahahahaaha ele conferiu hahahahahaha eu fiz hoje de manhã hahahahahahaahahahahahaha”. A vaca me fuzilou com os olhos e gritou que nem uma putalouca: “PAREEEEEEEEEEM TUDO, ESSE JOGO FOI UMA MENTIRA. UMA BRINCADEIRA DE MAU GOSTO DO ESTAGIÁÁÁÁÁÁÁRIO, AINDA POR CIMA.” Todos realmente pararam olhando pra ela. Alguns com cara de “quê?” e outros com cara de “ela tá brincando”. O cara que tava no bilhete na mão, cujo nome desconheço, olhou o papel e viu que a data do jogo era de 27/03. O silêncio tava absurdo e só eu continuava rindo. Ele só disse bem baixo: é… é de hoje. Nesse momento, parei de rir, porque as expressões de felicidade mudaram para expressões de ‘vou te matar’. Corri… corri tanto que nem quando eu estive com a maior caganeira do mundo eu consegui chegar tão rápido ao banheiro. Me tranquei por lá ao som de “estagiário filho da puta”, vou te matar, desgraçado” e “vou comer teu cu aqui mesmo”. Essa última foi do peladão, hahahaha.

Eu realmente tinha conseguido o feito de deixar aquelas pessoas com corações vazios, cheios de nada, se sentirem feliz uma vez na vida. Deveriam me dar uma medalha por eu conseguir aquele feito inédito. Mas não… só tentaram me linxar e colocaram um carimbo gigante na minha carteira de trabalho de demissão por justa causa. Belos companheiros!

Pelo menos levei mais 8 neguinho comigo, hahahahaa. Quem manda serem mal educados com o chefe. Eu não tive culpa alguma na demissão deles. Pena que agora eles me juraram de morte, hahahaha… tô rindo de nervoso. Falei aqui em casa que fui demitido por corte de verba (consegui justificar dizendo que mandaram mais 8 embora, rs) e que as ligações que tenho recebido são meus amigos da faculdade passando trote, hehehehe. Eu supero isso vivão e vivendo, tenho certeza.

É, amigos, descobri com isso que não se pode brincar em serviço mesmo.

:/

quinta-feira, 26 de março de 2009

Duas questões a se verificar

1)B52Dia 20 de abril têm show do THE B-52'S no Teatro do Bourbon Country aqui em Porto Alegre. Eles são famosos pela música Legal Tender, e também pela participação mais do que especial no filme dos FLINTSTONES.
Mas o melhor é que tava pesquisando a banda e descobri que uma das vocalistas da banda foi pega numa sacanagem de um namorado...que sacanagem...da braba....enfim taí a foto:
KATE PIERSON

2)Será que o filme a ERA DO GELO 3 vai vingar? Eu como fã dessas animações tenho certeza que sim!

segunda-feira, 23 de março de 2009

Um texto

Texto interessante.
Fonte: http://malvados.wordpress.com/2009/02/27/tente/

TENTE
Ainda gosto da noite. Estou namorando firme as manhãs, é verdade. Mas não preciso mentir, ainda gosto muito da noite. Lembro dela com o maior carinho, inclusive. E lembro só dos momentos felizes que vivemos juntos. Os momentos tristes, foram realmente muito muito muito tristes. Mas eu nunca lembro da noite morta, no caixão, pálida e linda para os vermes matarem sua fome em nós. Tenho muita saudade da noite e faço questão de só lembrar dela quando ainda era novinha, linda, virtuosa e cheia de vida. Porque a noite é mais tolerante conosco. Percebam. De tarde, é constrangedor abraçar demoradamente um conhecido. Tente. É meio falta de educação, é mais ou menos como se você apertasse o peitinho de uma moça, sem qualquer aviso, no meio da madrugada. Não, não foi uma boa comparação, eu sei. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Mas o dia é formulário, a noite é poesia. Mesmo assim, tente. Tente o mesmo abraço demorado em plena noite alta. Ninguém repara, ninguém liga. Ninguém diz que você está precisando de terapia. Ou que você amoleceu. E que você não está tendo uma postura profissional adequada. Ou que isso é coisa de frouxo, e que parecem duas bichinhas. A noite é mais ampla, generosa. Lá estão todos os sentimentos e sensações proibidas em tempos de sol. Tem os desejos da noite. Desejos gigantes e legítimos, aliás. Porque ninguém deseja uma carreira mais sólida na noite. Durante a alta madrugada, ninguém deseja trocar de carro. Às cinco da manhã, ninguém quer vender o seu 2006 e botar mais um dinheirinho para comprar um 2009. Ninguém quer injeção eletrônica. Ninguém paga boletos bancários. A noite humaniza. A noite aumenta o tamanho da gorjeta, o volume da esmola. Sei disso porque sou um mendigo. Eu mendiguei muito afeto nessa vida. E afeto não é que nem dinheiro, que poucos possuem aos montes e poderia até sobrar um pouquinho para você. Afeto, afeto de verdade, não tem sobrando por aí. É raríssimo. Não é barato de comprar, você não acha em qualquer lugar. Não é rápido, fácil e prático. Não funciona com álcool e gasolina, simultâneamente. Amaioria das pessoas mal conseguem arrumar todo o afeto que precisam para passar o resto do mês. Passam necessidade, mesmo. Roubam o afeto dos outros para viver. Bandidos. Gosto da noite. Ainda gosto muito da noite. E não é só porque sou um mendigo. E não é só porque na noite as esmolas são mais gordas, polpudas. Não é tão simples assim, não é tão mesquinho, tão pequeno, tão eu. É que a noite é tão linda e dentro dela somos tão maiores. Somos tão mais gente, enxergamos tão melhor a alma das pessoas. Somos pessoas tão melhores de noite. Na noite, não existe relógio. Na noite, não existe prazo de entrega. A noite junta pessoas para sempre. Durante uma tarde de sol, tente juntar duas pessoas para sempre. É difícil, não pega bem tentar. Tente trepar em um banheiro de restaurante ao meio-dia. É estranho, mas tente. Vão dizer que você é um tarado, um drogado. Vão chamar a polícia. Mas às quatro da manhã, quem seria filho da puta de chamar a polícia? Tente de tardinha, na praia. Vocês serão presos. Serão indiciados por atentado ao pudor. O Estado inteiro contra vocês. E você será condenado a passar três meses vigiando uma piscina de um CIEP em Realengo. Se for restaurante de rico, vai dar cadeia na certa. Pouca cadeia, mas você sabe que um dia de cadeia, no Brasil, é cadeia pra caralho. Mas tente. A noite fortalece certezas. A noite olha nos seus olhos e diz: “você sabe que eu te amo”. A noite diz que você quer chupar aquele cara de qualquer jeito. Tentem, meninas. Tentem pensar em chupar um colega de escritório, de tarde, tipo cinco da tarde, com gente estressada em volta. Você vai se sentir incomodada. Você vai achar que anda muito sozinha e que seu casamento é um fracasso. E que seu marido não fode mais com a boa vontade de antes. Você vai se achar uma puta safada. Você tentará voltar a se concentrar nas planilhas rapidinho, rapidinho. Você vai achar que não deve se envolver dessa forma com ninguém do seu trabalho. Porque vai ter fofoquinha. Ou porque você foi educada assim e acabou. Porque você não deve tocar uma bela siririca no banheiro do trabalho de jeito algum. Não se o trabalho for na parte do dia. Tente. Você não vai gozar. Porque vai entrar uma rival no banheiro. Uma pessoa que quer lhe destruir, lhe humilhar, tomar a sua cadeira. Tente. Tente ficar de plantonista na redação. Mas de noite, de noite tudo é permissivo. Tente passar a madrugada sozinha no trabalho. Você vai ver pornografia pra caralho, você vai adorar. E você sabe apagar o histórico do computador depois. Você vai gozar gostoso, vai tremer toda. E você sabe muito bem o que é gozar de tremer todinha. Só de noite dá para gozar e tremer todinha, aliás. Tente. Você vai deixar o seu cheirinho no mouse. Seus dedinhos molhados pela força da imensa noite. De madrugada, com tiros ao fundo. Tente. Tente bater uma deliciosa e proibida siririca por toda uma noite no trabalho. Por mim, tente. Tente gozar através de uma noite em um escritório deserto. Por toda a noite. Será um barato. Você vai gozar muuuuuuito. Você vai ficar toda ardida. Vai procurar algo para enfiar na xoxota. Algo grande. Tente. Tente só uma vez. Ainda gosto da noite. Na noite, somos mais corajosos. Na noite, morremos mais rápido, sem nem ver o rosto de quem nos matou. Tente matar alguém de manhã. É tão difícil, vai dar merda com certeza. Vão descobrir tudo. Um porteiro vai lhe descrever para a polícia nos mínimos detalhes e você vai aparecer na TV. Assassino, gritarão todos. E assassinos devem morrer mal, sozinhos, de forma horrível, numa prisão bem suja. As prisões mais imundas do país imundo. Viu como o dinheiro também pode fazer coisas bonitas? Porque nós temos que tratar essa gente da pior maneira possível. Temos que gastar muito dinheiro com isso. Tente. Porque nós somos muito melhores, não cometemos erros e nunca iremos parar na cadeia. E somos ricos. Ricos e brancos. E ricos ou brancos não vão para a cadeia. Se forem brancos e ricos ao mesmo tempo, então… Não prestarão nem depoimento. Mas tente. Tente estrangular uma meninia pela manhã. Não é coisa simples de se fazer. Precisa acordar muito mal para matar alguém antes das dez. Tente. Depois, tente matar alguém de madrugada. De ciúmes. De porrada, a chutes. De falta do que fazer, de raiva, de falta de amor. Tente matar alguém por linchamento, para fortalecer a amizade bonita que você tem com os seus amigos de academia. É mais fácil. Matar de noite é muito mais fácil. E a amizade fica tão mais forte. Eles vão respeitar você muito mais. Assassinos. Todos cultuam os assassinos. Vamos criar um fã-clube para alguém que matou um grande músico. Vamos criar uma comunidade na internet que una nossos mais jovens e preparados homicidas. Os mais velhos ensinando os mais novos. Tente. Você vai fazer grandes amigos, eu garanto. Gente que tem os mesmos problemas que você. Loucos da mesma loucura. Carma, todo mundo junto, sem quebrar a corrente. Irmãos de sangue. Vocês vão sair para matar em grupo. Porque um compreende o sofrimento do outro. Vocês vão matar com horário, com data marcada. Matar com calma, com carinho, de maneira premeditada. Vocês terão um plano, mas na hora de matar, vai ser olhando nos olhos, com todo o amor do mundo. Tente. Não pelo esporte, pelo esporte jamais. Tente matar alguém olhando nos olhos, de noite, sob a luz do luar. É tão bonito. É uma sensação de dever cumprido, de alívio. Tente. Sempre de noite, que é mais fácil. É muito mais fácil e mais conveniente. Mate. Tente matar porque alguém pisou no seu pé. Porque algum filho da puta deixou cerveja cair no vestido da sua namoradinha. Porque alguém roubou a sua amada. Ou porque não roubou, mas ela desejaria ser roubada. A noite me dá tanta força. A noite nos faz bichos mais ferozes. Uma noite, tente sangrar um ladrãozinho. É tão fácil. Mas tente dar um tiro em um bandido na parte da manhã, sol a pino. Ou em alguém que você não goste. Ou em alguém que você odeia. Um deputado do PMDB, por exemplo. É difícil. Difícil e arriscado. Fica estranho, é perigoso. Você pode ser preso, e cadeia no Brasil… É difícil matar um deputado do PMDB de manhãzinha. E até seria muito mais fácil matar um deputado do PV numa madrugada de samba. De noite, de porre. É até mais divertido. Mas em breve pode não ser mais. Pode virar moda. Pode virar algo normal e moderno. Pode servir de exemplo para os nossos filhos. Sair em grupo para matar deputados, que sonho bonito. Tente, pode até virar filme. O grupo guerrilheiro que será celebrado por mil anos. Heróis, dirão os mais jovens. Irmãos. Gente que deu sua vida para matar deputados, que bonito. Assassinos frios. Terroristas. Eu ainda gosto da noite, não minto. Porque na noite, os problemas dormem. Você fica ministro da sua vida. Rei das suas ansiedades. Você fuma e bebe pra caralho, é muito mais divertido. Você morre mais rápido. Tente morrer de beber e fumar na noite. É menos sofrido, você vai ver. E é infinitamente mais prático. Você vai perder um pulmão e a vida. Mas antes, seus parentes virão de outro estado lhe visitar. Gente querida que você não via desde a adolescência. Tente. Eles vão abrir você com uma faca, vão tirar uma veia da sua bunda e metê-la em seu peito. Seu coração funcionará com a ajuda da sua bunda. Não é bonito, sofisticado? E farão isso de maneira cirúrgica, profissional. E vai ser caro, eu garanto. Eles são uns heróis e é caro ser herói. E é muito mais romântico ver um herói abrindo seu corpo com uma faca. É infinitamente mais divertido do que cortar unhas. Tente. Tente virar um esqueleto falante. Perder os cabelos para a radiação, chorar, pensar na delícia da infância. Tente. Será engraçado pra caralho. Porque só os outros pegam câncer, só os outros pegam câncer porque você é melhor que todo mundo. Deus não faria essa sacanagem. E mesmo que fizesse, seria muito mais bonito do que morrer de dia, não é? É muito mais confortante pensar que só os outros morrerão de câncer. Tente. É uma sensação ótima, tão conciliadora dos medos. Porque morrer de tanto ser normal, de tanto levar as crianças na escola…Morrer de manhã deve ser uma merda. Morrer levando as crianças na escola. Deve ser uma grande merda. Deve causar caos em velório. Morrer de carro, de noite, em um pega entre garotos ricos e felizes. Isso sim é transformador. Isso é romântico, moderno. Tem uma roupagem inovadora e pode virar moda. Tem todo o potencial para virar febre entre os febris. Dá para sentir o cheiro de dinheiro. Montanhas de dinheiro. Dá para encher muitos hospitais que já estão lotados. Montanhas de hospitais. Assassinos, em grupo, que se reúnem para correr de carro. Que entendem a necessidade do outro de desgraçar com a vida dos pais. Eles se entendem e isso fortalece a amizade, o grupo de assassinos mimados. São uns assassinos, mas são heróis que deram a vida pela velocidade. Que bonito, quanta grandeza e quanto esparadrapo. Pode até virar filme e tem um grande potencial de virar febre entre os jovens. É muito melhor que morrer de tanto consertar a descarga, de tanto ir ao supermercado, de tanto pagar o condomínio. Tente. Morrer em um supermercado de tardinha, como seria ruim morrer ao entardecer, em uma grande promoção de ventiladores. Meus filhos ganhariam uma indenização e seria ainda mais complicado. Eles brigariam por herança. Irmãos órfãos que se odeiam, olha como o dinheiro também pode fazer coisas bonitas. Tente. Tente, de madrugada, falar verdades para um grande amigo. Elas soam mais verdadeiras, eu juro. Tente criticar alguém na hora do almoço. É mais difícil, requer cautela. Você não quer machucar ninguém, você não quer que ninguém perca a fome. Tente. Porque você se esforça para ser uma pessoa boa, generosa, que acorda cedo para encher o rabo do seu chefe de dinheiro. Você se esforça para que tenham pena de você. Tente. É tão importante ter uma carreira, mas é tão indecente morrer de tarde, em um escritório. Falir do coração, na frente dos seus concorrentes. Gente que sempre sonhou em ver você morto, empalado por uma carta de demissão. Morrer em frente ao bebedouro, na copa, depois de uma dorzinha que começou no seu braço, uma dorzinha de nada, uma bobagem. Seus inimigos irão ao seu enterro. Eles fingirão choro e consternação. Tente. Como é bom ter uma carreira, como é bom poder ter um dono, alguém que você odeia, que manda e desmanda em você. Que obriga você a namorar menos, a ouvir menos música, a pegar menos sol. Mas você é folgado. Você não deve ser assim, tão feliz. Tente. Gosto da noite, apesar de estar namorando uma linda e gostosa manhã. Sinto saudades. Lembro sempre da noite, de quando ela era pequena, da farrinha que fazíamos na cama. De quando ela não me machucava. Nós éramos íntimos, muito íntimos. Tente não ser íntimo da noite. Tente. Você perderá o melhor pedaço das pessoas que você gosta. Na noite, todos são menos individualistas. Peça ajuda para pagar um engradado de cerveja, no meio da noite. Todos são generosos de noite, todos querem contribuir para acabar com o problema. Deus, como os jovens são generosos. Como podem ser altruístas e solidários. Tente pedir um beijo de madrugada. É mais fácil, as meninas beijam muito mais fácil de noite. Pode até virar moda. Pode até virar um lindo movimento político, em que meninas ricas beijam na boca de outras meninas ricas por beijar. Sem sentir nada, nadinha. Apenas para parecerem mais fortes. Fortes porque estão na moda e não são jecas, não são meninas feias e trabalhadoras, oriundas da merda do subúrbio no qual você nunca pisou. Tente. Vai fortalecer a sua amizade. Você se sentirá menos gorda, apesar de nunca ter sido uma. Vai ser lindo, você merece, você é uma pessoa legal, você só traiu por amor. Ainda gosto da noite, mas namoro uma manhã que me entenda. Uma manhã que faça sentido, que me proteja e que não me faça sofrer. Tente. É tão fácil. É tão mais digno pedalar do que cheirar pó. É tão mais vantajoso para a saúde pública, creio eu. E é fácil. Uma bicicleta resolveria o seu problema. Basta nunca mais descer da bicicleta. Pedale para sempre, tente. Lembre sempre que milhares de cigarros já foram mortos por bicicletas. Tente. Não por mim. Tente por você, com todas as suas forças. Porque eu já estou namorando uma manhã jovem e deliciosa e me sinto muito bem. Tente.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Zumbi

Eu sempre curti bastante, filmes de terror B, histórias macabras ou divertidas sobre zumbis... dito isso, coloco aqui nesse espaço o clipe de ALL NIGHTMARE LONG, do Metallica...
Prévia: documentário contando a descoberta de uma célula alienígena q clona células mortas e volta a evoluir...agora misture essa idéia, com testes de laboratório, guerra fria e temos um dos clips mais engraçados que vi ultimamente sobre: ZUMBIS.



PS: Não curto muito Metallica, sempre fui muito mais Sepul e Pantera.

quarta-feira, 18 de março de 2009

THE ZOMBIES IS BACK

Quem não conhece recomendo a banda THE ZOMBIES...meu sonho era ter como ver o show deles...que bom que teremos um DVD, quem sabe eu ganho de presente de Natal. Depois da nota lá embiaxo botei um vídeozinho pra saberem do que se trata...

Notícia tirada do Portal Rock Press (http://www.portalrockpress.com.br/):
THE ZOMBIES LANÇARÁ DVD AO VIVO

O The Zombies lançará em abril um DVD ao vivo com o registro de três shows realizados em março do ano passado no Sheperds Bush Empire, em Londres. Nestas apresentações a banda tocou na íntegra o álbum Odessey and Oracle, lançado originalmente em 1968.

O DVD Odessey and Oracle Revisited: The 40th Anniversary Concert traz a banda em sua formação original: Colin Blunstone (voz), Rod Argent (teclado, voz), Chris White (baixo, voz) e Hugh Grundy (bateria). Nestes shows era possível encontrar na platéia algumas importantes personalidades da cena musical como Robert Plant, Paul Weller e integrantes do Garbage e Snow Patrol.

Também em abril a banda realizará os últimos shows comemorativos pelos 40 anos do álbum Odessey and Oracle. As apresentações serão realizadas no Reino Unido entre 21 e 25 de abril. Confira abaixo o repertório do CD:

CD 1
01. Care of Cell 44
02. A Rose for Emily
03. Maybe After He’s Gone
04. Beechwood Park
05. Brief Candles
06. Hung Up on a Dream
07. Changes
08. I Want Her, She Wants Me
09. This Will Be Our Year
10. Butcher’s Tale
11. Time of the Season
12. Tell Her No
13. She’s Not There

CD 2
01. I Love You
02. Sticks and Stones
03. Can’t Nobody Love You
04. What Becomes of the Broken Hearted
05. Misty Roses
06. Her Song
07. Say You Don’t Mind
08. Keep on Rolling
09. Hold Your Head Up

domingo, 15 de março de 2009

OASIS x THE DOORS

Como todos ja sabem, o OASIS finalmente vira tocar em Porto Alegre, dia 12 de maio no Gigantinho, com a Opus (yeah!).
Oasis eh uma banda da qual eu nunca fui um fã ardoroso, mas que seguramente poderia me oferecer um ótimo show, já que cresci ao som deles nas rádios, durante minha adolescência noventista.
Daí que resolvi escutar o último álbum deles, DIG OUT YOUR SOUL, e qual não foi minha surpresa ao escutar a música WAITING FOR THE RAPTURE...eu já tinha escutado aquele riff em algum lugar...numa de minhas músicas de revolta favoritas...FIVE TO ONE do THE DOORS...coloco os dois vídeos no final do post e me digam se não é bem parecida a linha melódica...enfim pelo menos o Oasis nunca escondeu que idolatra e queria ser como seus ídolos (embora não citem o Doors já q é uma banda americana).
Ademais lembro aos incautos que forem ao show atirar a sua camiseta do inter para os membros da banda, joguem a BRANCA, pois o maior rival do time que eles torcem na inglaterra é o man. utd que é vermelho.
Enfim um saludo a todos e bom final de semana...deixa um comentário aí.


WAITING FOR THE RAPTURE



FIVE TO ONE - THE DOORS

domingo, 1 de março de 2009

direto do Ear Flux - Como me fudi no show do Losermanos

From http://www.mdig.com.br

“Voltei para o Brasil há pouco tempo. Vivia com minha família na Inglaterra desde garoto. Estou morando no Rio de Janeiro há uns três meses e agora estou começando a me enturmar na Universidade. Não sei de muita coisa do que está rolando por aqui, então estou querendo entrar em contato com gente nova e saber o que tá acontecendo no meu país e, principalmente, entrar em contato com umas garotas legais, né?

Mas foi meio por acaso que eu conheci uma menina maneiríssima chamada Tainá. Diferente esse nome, hein? Nunca tinha ouvido. Estava procurando desesperadamente um banheiro no campus quando vi uma porta que parecia ser a de um, na verdade, era o C.A. da Antropologia. A garota já foi logo me perguntando se eu queria me registrar em algum movimento estudantil de não sei lá o que. Que bacana! Que politizada ela era! E continuou a me explicar a importância de eu me conscientizar enquanto enrolava um beque da grossura de uma garrafa térmica. Pensei em dizer que estava precisando cagar muito rápido, mas ela era tão gata que eu falei que sim. Tainá: cabelos pretos, baixinha e com uma estrutura rabial nota dez… Aí, acho que ela me deu um certo mole… Conversa vai, conversa vem, ela me chamou para um show de uma banda naquela noite que eu nunca tinha ouvido falar: Loser Manos. Nome engraçado esse! Estava fazendo uma força sobre-humana para manter a moréia dentro da caverna, mas realmente tava foda. Continuamos conversando e rindo. Ela riu até bastante, mas eu, na verdade, tava mesmo rilhando os dentes porque assim ficava mais fácil disfarçar as contrações faciais que eu estava tendo ao travar o meu cu para não cagar ali mesmo na frente dela.

Pensando bem, eu tinha ouvido falar sim alguma coisa sobre essa banda lá na Europa ainda, mas não lembro bem o quê. Ah, acho que vi esses caras hoje no noticiário local dando uma entrevista. Achei que fosse uma banda de crentes tradicionalistas tipo Amish.Todos de barba, com umas roupas meio fudidas. Parecia até a Família Buscapé! Dão a impressão de ser uns sujeitos legais, mas o que me chamou a atenção mesmo foi o jeito da repórter, como se fosse a fã nº 1 deles, como se estivesse cobrindo a volta do Beatles ou coisa parecida. Não entendi esse jeito “vibrão” de trabalhar. Bom, mas se eu conseguir ficar com o bicho bom da Tainá hoje à noite, já tô no lucro! Marcamos de nos encontrar na entrada do ginásio. Rapaz, acho que tô dando sorte aqui no Brasil!

Ia ser fácil achar essa garota no meio da multidão. Ela se veste de uma maneira estilosa, diferente, bem individual: sandália de dedo, saia indiana, camiseta de alça, uma bolsa a tiracolo e o mais interessante: um óculos retangular, de armação escura e grossa, engraçado até! Depois de uns mil “Desculpe, achei que você fosse uma amiga minha.”, finalmente encontrei Tainá e seu grupo de amigos. Cacete, isso sim é que é moda! Parecia uniforme de escola!

Ela me apresentou suas amigas, Janaína e Ana Clara e seus respectivos namorados, Francisco e Bento. Uma mistura de fazendeiros com intelectuais. Um cara de macacão, de sandália de pneu e com ar professoral. Outro de colete, tênis adidas, óculos e também com ar professoral. Pareciam ser legais, “do bem” como eles mesmo falam… Mas que não me deram muita conversa. “Do bem”, isso mesmo! Gíria nova… Todos aqui são “do bem”. E que nomes tão simples e idílicos! Janaína, Ana Clara, Francisco, Bento e Tainá. Nada de Rogérios ou Robertos. E eu que já tava me sentindo meio culpado por me chamar Washington… Realmente estava no meio de uma nova época da juventude universitária brasileira!

Comecei a conversar com a Tainá antes que a banda entrasse no palco. Aí… acho que tá rolando uma condição até! Quem sabe posso me dar bem hoje? Ela começou a falar de música:
- “De quem você é fã?” - perguntou.
- “Pô, eu me amarro no George…”
Ela imediatamente me interrompeu, dizendo alto:
- “Seu Jorge? Eu também amo o Seu Jorge!”
Puxa, que legal! Ela gosta tanto do George Harrison que se refere a ele com uma intimidade única! Chama ele de “Seu”! Seu Jorge! Isso é que é fã!
- “Legal você já conhecer ele, hein? Eu sabia que ele ia se dar bem na Europa! O Seu Jorge é um gênio!” - ela emendou.
Pô, eu morava na Inglaterra. Como eu não ia conhecer o George Harrison?

Essa eu não entendi…

Depois ela perguntou quais bandas que eu gostava.
- “Eu curtia aquela banda da Bahia…
- “Ah, Os Novos Baianos, né?? Adoro também!”
- “Não, Camisa de Vênus! “Silvia! Piranha!” cantei rindo.
A cara que ela fez foi de quem tinha bebido um balde de suco de limão com sal. Senti que ela não gostou muito da piada. Tentei consertar:
-”Achava eles engraçados, mas era coisa de moleque mesmo, sabe?” - Óbvio que não funcionou… Aí, acho que dei um fora…

Depois, Tainá foi me explicando que o tal Loser Manos é a melhor banda do Brasil, etc., etc., etc., e que eles “promovem um resgate da boa música brasileira”.
- “Tipo Os Raimundos com o forró?” - perguntei.
-”Claro que não!” - disse ela meio exaltada! Ela me falou que não se pode comparar os Los Hermanos com nada porque “eles são únicos”, apesar de hoje existirem excelentes artistas já reverenciados pela mídia do Rio de Janeiro como Pedro Luis e a Parede, Paulinho Moska, O Rappa, Ed Motta, Orquestra Imperial, Max de Castro, Simoninha e Farofa Carioca. Ela mencionou também “Marginalia” ou coisa parecida. Foi isso mesmo que eu ouvi? Achei que ela estivesse elogiando eles… Esses foram os nomes artísticos mais escrotos que já tinha ouvido, mas fiquei quieto. Fico feliz em saber sobre essa nova onda musical pois quando sai do Brasil o que fazia sucesso no Rio era Neuzinha Brizola e seu hit “Mintchura”. Ainda bem que tudo mudou, né?

Só depois percebi que o nome da banda é em espanhol: Los Hermanos. Ah bom! Mas se eles são tão brasileiros assim porque não se chamam “Os Irmãos”? Quando saí daqui os nomes de muitas bandas costumavam ser em inglês e até em latim. Ainda bem que essa moda de nomes de bandas em espanhol não pegou no Brasil!

Pelo que me lembro, ao explicar qual é a dos “Hermanos”, ela usou a expressão “do bem” umas 37 vezes e disse que eles falam de romantismo, lirismo, samba e circo. Legal, mas circo? Pô, circo é foda! Uma tradição solidificada nos tempos medievais que ganha dinheiro maltratando animais. Onde está a poesia de ver um urso acorrentado pelo pescoço tentando se equilibrar miseravelmente em cima de uma bola enquanto é puxado por um cara com um chicote na mão? Rá, rá, rá… Engraçado pra caralho! Na boa, circo é meio deprimente. Palhaço de circo só troca tapão na cara e espirra água nos olhos dos outros com flor de lapela e quando sai do picadeiro, vai chorar no camarim. Que merda! A única coisa legal no circo mesmo é quando ele pega fogo! Isso sim que é um espetáculo de verdade! Aquela correria toda, etc. Senti que essa galera se amarra em circo. Não faz sentido se eles são tão politicamente corretos assim, né? E os pobres animais? E eu querendo não passar em branco na conversa com a Tainá, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum a única coisa que eu sabia sobre a banda… Cacete…! O que era mesmo?

De repente, uma gritaria histérica! O show tava começando! O ginásio veio a baixo! Perguntei pra ela:
- “Eles são todo irmãos, né, tipo os Hanson?”
Ela disse um “não” esquisito, como se eu tivesse debochando. Todos eles usam uma barba no estilo Velho Testamento e se chamam “Los Hermanos”! O que ela queria que eu pensasse? Após ouvir a primeira música deu pra ver que os caras são profissionais mesmo, tocam muito bem e são completamente idolatrados pelo público, para dizer o mínimo. Fiquei prestando atenção ao show. Pô, as músicas são boas! Dá pra ver uma influência de Weezer, Beatles e Chico Buarque. Esse aí é fodão, excelente compositor mesmo. Lá na Inglaterra conhecia uns caras que eram ligados ao movimento “Dark”, como chamam por aqui. São os sujeitos que gostam de The Cure, Bauhaus, Sister of Mercy, etc. E tem a maior galera aqui no Brasil também que se veste de preto, não toma sol, curte um pessimismo niilista e se amarra nessas bandas. Mas se eles sacassem que o Chico Buarque é o genuíno artista “Dark” brasileiro… Pô, é só ouvir as músicas dele pra perceber: “Morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego” ou “O tempo passou na janela é só Carolina não viu”. “Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue” ou “Taca pedra na Geni, taca bosta na Geni, ela é boa pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni”. Tudo alegrão, né? Se eu fosse dark, só ia ouvir Chico Buarque, brother!
Tentei reengatar a conversa dizendo que achava ao baixista o melhor músico dos Los Hermanos. Ela respondeu, meio irritada:
- “Mas ele não é da banda!”
Como eu ia saber? O cara tem barba também! Aí, não tô entendendo mais nada…

Adiante, ela me disse que o cara que ela mais gostava na banda era um tal de Almirante. Depois de alguns minutos deu pra ver que o camarada imita um pouco os trejeitos do Paul McCartney, só que em altíssima rotação. Ele fica se contorcendo feito um maluco enquanto os outros ficam estáticos. É engraçado até! Parece que ele tem uma micose num lugar difícil de coçar! E fica falando e rindo direto. Ele é o irmão gaiato do cara que canta a maioria das músicas, o tal de Marcelo Campelo, como anunciaram no noticiário local hoje. Isso mesmo, Marcelo e Almirante Campelo: “Os Irmãos”! Legal! Já tava me inteirando! Ah, e tem também dois gordinhos de barba que estão lá também, mas devem ser filhos de outro casamento…

Tava um calor desgraçado, coisa que eu realmente não estou mais acostumado. Fui rapidão ao bar pra beber alguma coisa. Comprei umas quatro latas de refrigerante que era o único troço que tava gelado para oferecer para meus novos amigos:
-”Aí, trouxe umas coca-colas pra vocês!”
Ouvi a seguinte resposta:
- “Coca-Cola? Isso é muito imperialista… Guaraná é que é brasileiro!”
Puxa, que pessoal politizado… Isso mesmo, viva o Brasil! “Yankees, go home”, rá, rá! Outro fora que eu dei! Mas, pensando bem, eles não usam o Windows e o Word pra fazer trabalhos da universidade? Ou usam o “Janelas”? Dessas coisas gringas não é tão mole de abrir mão, né? Mais é fácil não tomar Coca-Cola! Isso sim que é ativismo estudantil consciente! Posicionamentos políticos à parte, tava quente pra burro, então bebi tudo sob o olhar meio atravessado de todos eles… fazer o quê?

Lá pelas tantas, começou uma música e todo mundo berrou e pulou. Parecia o fim do mundo. Logo nos primeiros acordes, reconheci o som e falei pra Tainá:
- “Ah, eu sei o que é isso! É um cover do Weezer! Me amarro em Weezer!”
Ela olhou pra mim com uma cara indignada e disse:
- “Que Weezer o quê? O nome dessa música é “Cara Estranho”.
Já vi que não gostou de novo… Mas quem sou eu pra dizer algum coisa aqui, né? Porra, mas que parece, parece! Mas o que era mesmo que eu não consigo lembrar de jeito nenhum sobre eles? Acho que conheço alguma outra música deles… Só não consigo dizer qual…

Sabia que se eu quisesse me dar bem logo com a Tainá teria que ser entre uma música e outra pois parecia que ela estava vendo um disco voador pousar enquanto os caras tocavam. Resolvi fazer uma piada pra descontrair, que sempre rola em shows. Quando o Campelo tava falando alguma coisa qualquer, berrei:
-”Filha da putaaaaaaaaaa!”
Pra quê? Tainá e sua milícia hermanista me deram uma cutucada monstra na costela que me fez enxergar em preto e branco uns 5 minutos! Pô, todo show alguém grita isso! É quase uma tradição até! Eu me amarro no cara! E é só uma piada! Aí, esse pessoal leva tudo muito a sério! Caralho… Pensei em pegar uma camisinha da minha carteira e fazer um balão e jogar pra cima, como rola em todo show, pra mostrar pra Tainá que eu sou uma cara consciente, tipo:
-”Aí, Tainazão, se tu se animar, eu tô preparado!” - mas depois dessa vi que senso de humor não é o forte dessa galera.

O tempo tava passando e nada de eu ficar com minha nova amiguinha. Quando fui tentar falar uma coisa no ouvido dela, foi o exato momento em que começou uma outra música. Foi aí que a louca deu um grito e um pulão tão altos que eu levei uma cabeçada violenta bem no meio do meu queixo! Ela não sentiu nada, óbvio, pois estava em transe hipnótico só por causa de uma canção sobre a beleza de ser palhaço ou lirismo do samba ou qualquer outra coisa do gênero. A porrada foi tão forte que eu mordi um pedaço da língua. Minha boca encheu d´água e sangue na hora. Enquanto eu lutava pra não desmaiar, instintivamente enfiei a manga da minha camisa na boca pra estancar o sangue e não cuspir tudo em cima de Ana Claudia e Janaína or something. Só que estava tão tonto com a cabeçada que tive que me segurar em uma ou outra pessoa pra não cair duro no chão. Foi quando ouvi:
- “Nossa, que horror! Lança-perfume! Esse playboy tá doidão de lança! Que decadência…”
Lança-perfume? Cara, lógico que não! E mesmo que tivesse, todo show tem isso! Mas nesse, não pode. É “do bem”. É feio ter alguém cheirando loló!! Pô, todo show que eu fui na vida tinha alguém movido a clorofórmio. Aqui, não. Que merda…

Babei na minha camisa até o ponto dela ficar ensopada! Fui ao banheiro tentar me recuperar do cacete que tomei. Lavei o rosto e tirei a camisa. Quando voltava passei por uma galera e ouvi resmungarem alguma coisa do tipo:
- “…e esse mala aí sem camisa…”
Porque não se pode tirar a camisa num show? Isso aqui não é só uma apresentação de uma banda? Parecia que eu ainda estava na Europa! Regulões do caralho… E, afinal, o que significa “mala”?

Estava enxergando tudo embaçado e notei que minhas lentes de contato tinham saltado pra longe com a cabeça-aríete de Tainá e esmagadas por centenas de sandálias de dedo. Lembrei que sempre levo um par de lentes extras no bolso. É uma parada moderna que eu achei lá em Londres. Um estojo ultrafino com uma película de silicone transparente dentro que mantém as lentes umedecidas e prontas para uso. Abri o estojo e peguei cuidadosamente a película com as duas mãos e elevei-a contra a luz para conseguir achar as lentes. Estiquei os polegares e indicadores, encostando uns nos outros, para abrir a película entre esses dedos. Balançava o negócio levemente, de um lado para o outro, contra a pouca luz que vinha do palco para conseguir localizar as lentes. Não estava enxergando nada direito! Quando tava lá com as mãos pra cima, fazendo uma força absurda pra achar as lentes, um dos caras legais com nomes simples, me deu um puta safanão no ombro. É claro que o silicone voou longe também… Caralho, minhas lentes! Custaram uma fortuna! Que filho da puta!
- “Que sinal é esse que tu fazendo aí, meu irmão? Tá desrespeitando as meninas?”
- “Que sinal?? Que sinal??” - respondi, assustado!

- “De buceta, palhaço!” - apertando o meu braço que nem um aparelho de pressão desregulado.
- “Você tá no show do Los Hermanos, ouviu? Los Hermanos! Ninguém faz sinal de buceta em um show do Los Hermanos, sacou?” - gritou o tal hipponga na minha cara.

Que viado, eu não tava fazendo nada! Parecia uma freira de colégio! Que lance é essa de buceta? Da onde esse prego tirou isso? As meninas… (Perái! Menina? A mais nova aí tem uns 25!) ficaram me olhando com a cara mais escrota do mundo! A essa altura, já tinha percebido que não ia agarrar a Tainá nem que eu fosse o próprio Caetano Veloso! “Bento”, que nome mais ridículo… Isso aqui é um show ou uma reunião de alguma seita messiânica escolhida para repovoar a Terra?

Caramba, que noite infernal! Tava com a língua sangrando, sem enxergar direito, só de calça, arrotando sem parar e puto da vida porque só tinha aceitado vir aqui por causa de mulher. Estava no meu limite. Isso era um show ou uma convenção do Santo Daime? Que patrulhamento! E, de repente, vejo Tainá e seus amigos olhando pra mim atravessado e cantando a seguinte frase:
-”Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?”
Aí foi demais! Eu me atrevo: Ritmo, melodia e harmonia. Pronto, só isso! Mais nada! Olha só: foda-se o samba, foda-se o circo, foda-se a obsessão por barba da família Campelo e, principalmente, foda-se essa galera “do bem” que está aqui!”

Apesar de tudo, a banda é realmente excelente! O que incomoda mesmo é esse público metido a politicamente correto e patrulhador e a imprensa que força a barra pra vender alguma imagem hipertrofiada do que rola de verdade. Esse climão de festival antigo de música popular brasileira, daqueles com imagens em preto e branco, com todo mundo participando, que volta e meia reprisam na tv, tudo lindo e maravilhoso. “Puxa vida, um novo movimento musical brasileiro!”? “Estamos realmente resgatando a nossa cultura!” ? Que exagero… Ei, é só música pop! MÚSICA POP!

Caralho, finalmente lembrei! Eu conheço uma música deles! Ouvi em Londres!
Numa última tentativa de salvar meu filme com Tainá, na hora do bis, berrei bem alto:
- “TOCA ANA JULIA!”
Só acordei no hospital. Tomei tanta porrada que vou ter que fazer uma plástica pra tirar as marcas de pneu da minha cara! Fui pisoteado! Neguinho ficou puto! Qual é o problema com essa música? Me lembro de estar sendo chutado pela elite dos estudantes universitários brasileiros e da própria Tainá, gritando e me dando um monte de bolsadas na cabeça! Que porra louca! Tentaram me linchar! Ofendi todo mundo! Pô, Ana Julia é uma música boa sim! É um pop bem feito! Se não fosse, o “Seu Jorge” Harrison não teria gravado, né? Se ele não entende de música, quem entende? Me disseram depois que o tal Campelo se retirou do palco chorando, magoado, e o outro irmão mais novo dele, o nervosinho que imita o Paul McCartney, pulou do palco pra me bicar também. Do bem? Do bem é o cacete…”

phrases

como estou com a cabeça pesada e de ressaca, vou deixar só umas frases para todos pensarem.
Tirei do site http://www.malvados.com.br/

Obama só usará energia limpa na guerra suja.

O casamento é uma espécie de aposentadoria do sexo oral.

A miséria é o troféu dos generosos.

Elas querem um homem que seja um John Lennon na sala e um Mike Tyson na cama.

A internet funciona mas a televisão é um anticoncepcional mais seguro.

Ah se os pobres pudessem comer telefones...

Os pobres sentem raiva. Os ricos sentem medo. Não é um país emocionante?

Mais uma facada nas costas e terei um faqueiro completo.

Case-se com a amante e ela também engordará imediatamente.

Herói vira estátua, mas covarde passeia com os netinhos.

O álcool me fechou muitas portas mas me abriu muitas pernas.

Se minha consciência pesasse, eu a venderia por kilo.