Para que quando me esqueças, me vejas novamente e lembre como eu era

Era princípio de novembro desse ano.
Fui dar uma saudável caminhada pela orla do Guaíba como de costume.
Da pista de skate do Marinha até o Gasômetro. Um ótimo programa para se fazer de manhã bem cedo nos finais de semana. Estava um sol radiante. Tive o infortúnio de nas 2h30 de caminhada não ter tirado a camiseta, no jogo do Inter a tarde o fiz, e fui saudado por um amigo à distância com uma insinuação que eu estava usando regata... Usem filtro solar.

Deixando as amenidades de lado.
Estava fazendo meu caminho de volta do Gasômetro, quando na altura do Anfiteatro Pôr do Sol, bem na ponte sobre o Arroio Dilúvio o que eu encontrei?

Isto:


Dentro de um envelopinho de estúdio de fotografia. Reparem que data de 2 de dezembro de 1956. No verso escrito a lápis: "Para que quando me esqueças, me vejas novamente e lembre como eu era".
Me deu um aperto no peito. Eu que sou um romântico por natureza. Como essa foto chegou à mim. Será que foi deixada ali propositalmente? Será que o desiludido jogou a foto fora? Será que ele perdeu? Será que sua esposa atual, viu a foto se enfureceu e a jogou fora?
Eu não consegui pensar em mais nada, imerso nesse drama que criei a partir dessa fotografia. Será que um neto ou filho reconhecerá a foto aqui no meu blog? Será que o destinatário a encontrará? Será que ela ainda é viva. Como ela será?

Agora já mais de um mês de eu ter encontrado essa foto, tive um déjà vu nessa manhã de domingo que eu caminhava na beira do rio, achei curioso que muita gente ainda estava bêbada voltando dos bares, garçons voltando de bicicleta do trabalho, pessoas de terno, camisa, blazer...poderia muito bem ter escapado ao bolso de um deles. E eles podem ter voltado para procurar...E eu posso ter sido o responsável pelos olhos dele nunca mais lembrarem como ela era.